BOLINAÇÃO VIRTUAL
Espera um e-mail, faz um tempão. Precisa ler aquelas palavras. E, por mais idiota que possa parecer, de alguém que ele nunca viu, nem sentiu o cheiro, nem olhou nos olhos, nem tremeu por. Está virtualmente apaixonado por todas as virtudes que afloraram da tela. Emoldurou com uma personalidade aquela pessoa que sempre existiu dentro do seu suboconsciente. Consegue agora sentir que no seu monitor é ela, a pequena Cassandra, que parecia viver só dentro dele que externou em algum ponto setecentos quilômetros longe. E agora aquela barrinha de status do Outlook faz um charme do caramba, como se dissesse "espera sentado, que tua conexão é de 14400..."
Já não conseguia dormir direito pensando em tantas as qualidades repartidas, todas as coisas que fecham e os gostos, tudo. Nunca tinha achado algo dessa maneira. Todas as mensagens pareciam conter coisas escritas nas entrelinhas. Ele mesmo encontrou trezentas e noventa e cinco maneiras de interpretar as letras. Inclusive os estilos de fonte. O coração trepidava enquanto cada palavra era degustada. Sem dúvida, era amor.
Chegou finalmente o e-mail. Nele tinha um número de telefone e uma daquelas carinhas de dois pontos, parênteses e sinal de igual. E junto duas palavrinhas: me liga. Como assim me liga? Naquele momento tudo começou a rodar, a cabeça dele, o computador, o e-mail e até mesmo os ponteiros do relógio. Como ela pode? O lance legal, a virtualidade do relacionamento, as bolinações mentais, tudo harmagedonizado com um mail bomba que queria que as coisas passassem para o analógico.
Doeu muito, mas ele apagou aquele nome da mail list. E suspirou o negro futuro solitário que o esperava.
Espera um e-mail, faz um tempão. Precisa ler aquelas palavras. E, por mais idiota que possa parecer, de alguém que ele nunca viu, nem sentiu o cheiro, nem olhou nos olhos, nem tremeu por. Está virtualmente apaixonado por todas as virtudes que afloraram da tela. Emoldurou com uma personalidade aquela pessoa que sempre existiu dentro do seu suboconsciente. Consegue agora sentir que no seu monitor é ela, a pequena Cassandra, que parecia viver só dentro dele que externou em algum ponto setecentos quilômetros longe. E agora aquela barrinha de status do Outlook faz um charme do caramba, como se dissesse "espera sentado, que tua conexão é de 14400..."
Já não conseguia dormir direito pensando em tantas as qualidades repartidas, todas as coisas que fecham e os gostos, tudo. Nunca tinha achado algo dessa maneira. Todas as mensagens pareciam conter coisas escritas nas entrelinhas. Ele mesmo encontrou trezentas e noventa e cinco maneiras de interpretar as letras. Inclusive os estilos de fonte. O coração trepidava enquanto cada palavra era degustada. Sem dúvida, era amor.
Chegou finalmente o e-mail. Nele tinha um número de telefone e uma daquelas carinhas de dois pontos, parênteses e sinal de igual. E junto duas palavrinhas: me liga. Como assim me liga? Naquele momento tudo começou a rodar, a cabeça dele, o computador, o e-mail e até mesmo os ponteiros do relógio. Como ela pode? O lance legal, a virtualidade do relacionamento, as bolinações mentais, tudo harmagedonizado com um mail bomba que queria que as coisas passassem para o analógico.
Doeu muito, mas ele apagou aquele nome da mail list. E suspirou o negro futuro solitário que o esperava.